VALOR – 07/06/2022.
Por Felipe Laurence, Valor — São Paulo.
Para o presidente do IBRACON, a pandemia não acelerou somente essas questões de ESG nas empresas, mas também alterou o trabalho do auditor.
Uma padronização no conjunto de normas relacionados a aferição e divulgação de dados ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) deve acontecer daqui dois a três anos, afirma Valdir Coscodai, presidente do Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon) durante Live do Valor.
O trabalho atual, diz ele, é saber o quê e como divulgar tais informações de acordo com critérios de relevância e materialidade dos números não financeiros. Para isso, o Ibracon tem grupos de estudo que conversam com entidades internacionais que lidam sobre o tema, como o International Sustainability Standards Board (ISSB).
“Hoje nós vemos um lado positivo em que muitos [empresas] estão apresentando esses dados, mas ainda é difícil verificar a transparência e aferição dos números”, comentou, durante participação na Live do Valor desta terça-feira. Um dos trabalhos que o IBRACON faz é tentar trazer para o Brasil a tradução das novas normas.
Coscodai acredita que a adoção das novas normas sendo trabalhadas pelo ISSB vai acontecer de forma parecida com a das normas internacionais de contabilidade aqui no Brasil, em 2010, de forma lenta, mas segura, para garantir consenso do que será apresentado nos relatórios.
Para o presidente do Ibracon, a pandemia não acelerou somente essas questões de ESG nas empresas, mas também alterou o trabalho do auditor de forma com que ele adotasse mais ferramentas de tecnologia no seu dia a dia, para auxiliar na execução de suas tarefas, que eram habitualmente presenciais, de forma remota.
“A pandemia acabou acelerando uma série de soluções que já vinham acontecendo e acabou fizemos essa evolução em um ano ou dois”, comenta. Coscodai pontua que o trabalho do Ibracon neste período foi fazer com que os auditores tivesses segurança nas suas funções, já que muitas vezes o auditor precisa ir presencialmente nos clientes.
Coscodai está no meio do seu mandato como presidente no IBRACON, sendo eleito em 2021 para a posição, e diz que estruturou sua gestão em “bandeiras” para avançar em questões do que é a auditoria hoje e o que será no futuro. “Nos propusemos a sermos mais vocais, tanto internamente, quanto com o mercado.”
Entre algumas das “bandeiras” que o Ibracon discute em sua gestão, realizando eventos e oficinas, estão as questões de sustentabilidade, tecnologia, diversidade e juventude, segmentos que, segundo Coscodai, trazem inovação e pensamento fora da caixa para a profissão de auditor.