https://economia.estadao.com.br/noticias/governanca,ibgc – 27/11/2020.
Heloísa Scognamiglio, O Estado de São Paulo.
Anúncio foi realizado no última dia do 21º Congresso IBGC; documento traz medidas para guiar organizações nas boas práticas de governança corporativa.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) anunciou nesta sexta-feira, 27, o lançamento de uma agenda positiva com 15 medidas, baseadas em seis pilares, a serem tomadas pelos líderes e agentes de governança de organizações de todos os setores e portes. O anúncio foi realizado no último dia do 21º Congresso IBGC, que marcou os 25 anos do instituto e foi realizado inteiramente de forma online devido à pandemia do novo coronavírus.
Os seis pilares que nortearam a elaboração das medidas foram “Ética e Integridade”, “Diversidade e Inclusão”, “Ambiental e Social”, “Inovação e Transformação”, “Transparência e Prestação de Contas” e “Conselhos do Futuro”.
Henrique Luz, presidente do conselho de administração do IBGC, anunciou o lançamento da agenda positiva de governança nesta sexta-feira, 27. Foto: Divulgação/IBGC.
Segundo Henrique Luz, presidente do conselho de administração do IBGC, o instituto tem tido como norteador, pelo menos nos últimos dois anos, um pensamento estratégico de se antecipar às mudanças provocadas pela sociedade. “A pandemia acelerou os processos de inovação e também de busca pela sociedade de mais equidade, de respeito às pessoas e valorização do meio ambiente. Isso é um movimento muito forte, muito claro, desses últimos oito meses”, disse.
Segundo Luz, as mudanças trazidas pela pandemia não somente reforçaram a necessidade da adoção de princípios e melhores práticas de governança, mas também levaram o IBGC a lançar um movimento no mercado para que os líderes das organizações exerçam um papel protagonista na resposta à sociedade para além de resultados econômicos e financeiros.
Cerca de 50 especialistas participaram da criação da agenda de forma voluntária, se reunindo em subgrupos temáticos de cada pilar e debatendo quais medidas práticas poderiam auxiliar uma transformação positiva das companhias.
Para Leila Loria, vice-presidente do Conselho do IBGC, a discussão sobre a agenda positiva está apenas começando. “A gente quer que isso seja de fato um começo e que cada um desses temas possa continuar evoluindo ao longo dos próximos anos, mas principalmente no próximo ano”, afirmou Leila.
A agenda positiva de governança já conta com o apoio de 30 organizações, entre elas a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (AMEC), a B3, o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, o Mais Diversidade e o Movimento Mulher 360.
É possível verificar mais detalhes sobre os pilares e as 15 medidas da agenda positiva de governança no site do IBGC.
Detalhamento, a seguir, dos pilares e das 15 medidas da agenda positiva anunciadas pelo IBCG:
Ao longo de seus 25 anos de história, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem trabalhado para conscientizar líderes de empresas e dos mais diversos tipos de organização de que a boa governança corporativa cria e preserva valor não só para a organização, mas para todos aqueles que, direta ou indiretamente, com ela interagem ou por ela são afetados – partes interessadas ou, em inglês, stakeholders.
As profundas mudanças pelas quais as organizações passaram e têm passado em 2020 – por motivações econômicas, sociais, políticas e sanitárias – mais uma vez reforçam a necessidade da adoção de princípios e melhores práticas de governança corporativa.
O IBGC une sua voz àquelas que veem nas empresas e nas demais organizações (privadas, públicas ou do terceiro setor) um papel de protagonista na resposta às aspirações humanas, que vão além dos resultados econômicos e financeiros.
Fiel e firme em seu propósito de contribuir para a construção de uma sociedade melhor por meio da disseminação de princípios e boas práticas de governança corporativa, o IBGC propõe esta para os principais líderes das organizações: sócios, acionistas, conselheiros e executivos.
Esta agenda sugere medidas a serem tomadas pelos líderes, apoiadas em seis pilares, a saber: (1) ética e integridade; (2) diversidade e inclusão; (3) ambiental e social; (4) inovação e transformação; (5) transparência e prestação de contas; e (6) conselhos do futuro.
Os pilares da Agenda Positiva foram selecionados a partir dos princípios básicos de governança corporativa – transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa – e de temas amplamente debatidos em fóruns nacionais e internacionais. Discutindo questões urgentes e propostas de ação para a liderança das organizações, dezenas de especialistas trabalharam de forma voluntária tanto na conceituação dos pilares e sua importância para a governança corporativa quanto nas sugestões de medidas.
Os pilares são aplicáveis a líderes de todos os tipos de organização, independentemente do porte e do setor de atuação. Já as medidas podem ser adotadas com as adaptações necessárias a cada contexto específico.
O IBGC convida os líderes a priorizar esta Agenda e, assim, promover uma governança que inspira, inclui e transforma.
Medidas para uma governança que inspira, inclui e transforma:
- Garantir com atitudes e medidas de conscientizaçãoque líderes e colaboradores fundamentem suas decisões na identidade da organização (propósito, missão, visão, valores e princípios) e compreendam como seus comportamentos diários impactam a organização e a sociedade.
- Integraros seis pilares da Agenda Positiva de Governança (ética e integridade; diversidade e inclusão; ambiental e social; inovação e transformação; transparência e prestação de contas; e conselhos do futuro) ao propósito, à cultura organizacional e aos modelos de negócio e de geração de valor.
- Zelarpara que os relacionamentos da organização com seus colaboradores, clientes, fornecedores, sócios e demais partes interessadas sejam baseados nos mais sólidos princípios de integridade, principalmente naqueles relacionamentos entre o público e o privado.
- Identificar e divulgar ao mercado indicadores e a justificativa econômica(business case) para a adoção de práticas ligadas às questões ambientais, sociais e de governança corporativa.
- Contribuirpara a elaboração de leis, regulações, políticas públicas e padrões que estimulem as organizações a adotar melhores práticas em relação a questões sociais, ambientais e de governança corporativa.
- Estimular o mercado e o consumo de produtos e serviços sustentáveispor meio de investimento em inovação, pesquisa e desenvolvimento.
- Promover abertura a novos modelos de decisãobaseados na experimentação, adotando instrumentos que permitam maior tomada de riscos na inovação.
- Fortalecer o esforço de inovaçãopor meio de parcerias com centros de estudos e academia e do fomento ao empreendedorismo e ao ecossistema de startups.
- Capacitar pessoaspara que a organização se desenvolva em um novo contexto de negócios: mais íntegro, transparente, sustentável, diverso e inovador.
- Adotar os princípios básicos da governança corporativanas atividades que devem nortear a gestão e o diálogo da organização com as partes interessadas.
- Evidenciar a forma como a organização gera valor ao longo do tempo, por meio da divulgação de informações integradasde natureza econômico-financeira, social, ambiental e de governança corporativa com igual nível de qualidade e confiabilidade.
- Garantir que as informações divulgadas sejam comunicadas, tanto para o público interno quanto para o externo, de forma completa, clara e concisa,considerando a percepção das partes interessadas sobre os impactos causados pela organização.
- Implantar processos seletivos e programas de incentivo que reconheçam e desenvolvam líderes empáticos– que demonstrem capacidade de escuta ativa, vontade de servir, liderança horizontal, colaboração e abertura ao dissenso.
- Criar um ambiente de confiança e segurança psicológicapara que as pessoas possam divergir entre si, reportar erros e irregularidades, manifestar dúvidas e preocupações e oferecer suas contribuições abertamente.
- Constituir um programa de diversidade e inclusãocom alocação de recursos financeiros e pessoas dedicadas a pôr em prática um plano com ações intencionais para ampliar a diversidade e fomentar a cultura inclusiva na organização, bem como no conselho de administração.