O Estado de S.Paulo – 25 Agosto 2015 | 04h 02.
Com a promulgação da Lei Anticorrupção, empresas devem aprimorar seus controles internos contra fraudes, compliance, dentre outras funções da estrutura de governança. Isso porque, com a nova legislação, a investigação e a consequente punição aos envolvidos em atos ilícitos terão regras mais rigorosas. A existência de controles internos bem estruturados pode, inclusive, atenuar penas.
A Instrução 552 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entrará em vigor a partir de 2016, também contribui para esse processo, ao exigir, por exemplo, um maior nível de detalhe para os processos de gestão de riscos e estrutura de controles internos.
Neste cenário, a auditoria interna ganha uma função estratégica dentro da empresa, que contribui para a preservação e geração de valor na companhia, ao auxiliar as ações de gestão de riscos, controle interno, conformidade dos processos. Ou seja, a auditoria interna é de grande utilidade para a estrutura de governança de uma empresa.
“Nunca haverá risco zero em uma empresa. O risco é inerente aos negócios. A auditoria interna, sendo independente, auxilia no estabelecimento de controles para mitigar riscos”, diz Melina Hoshi, gerente de auditoria interna da Dasa.
No contexto de crise econômica, Melina acredita que a auditoria ganha ainda mais relevância, ao colaborar para estabelecer controles e reduzir riscos nas áreas mais afetadas pela mudança no cenário externo.
Sócio da consultoria Deloitte, Alex Borges defende que, para que a auditoria possa ter, de fato, uma função estratégica na governança, as organizações precisam investir em tecnologia e em capital humano.
“São pontos fundamentais para boas práticas de gestão e para o entendimento do ambiente regulatório em constante transformação”, afirma.
Segundo Marco Antonio Bueno, diretor de gestão de riscos e compliance da CPFL Energia, monitorar as práticas de controle é crucial para garantir que elas estejam sendo executadas de forma correta.
“O monitoramento serve para validar se o procedimento implementado está funcionando corretamente”, afirma.
Empresas de auditoria. A edição de leis como a Anticorrupção e a 12.683/12, que trata da prevenção à lavagem de dinheiro e ocultação de bens, também mudou a maneira como firmas de auditoria aceitam – ou não – seus clientes, avalia Rogério H. Garcia, diretor técnico do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
“Permanecer atento às novas regulações será cada vez mais importante para proteger firmas de auditoria da utilização indevida dos seus serviços para atos ilícitos e poupá-las dos riscos penais e de imagem”, diz Garcia.