Por Jiane Carvalho – Valor – 11/08/2015 – 05:00.
Nos sites dos bancos, as iniciativas de educação financeira, que trazem as ferramentas de auxílio para as finanças do dia a dia, normalmente ficam na área destinada à sustentabilidade. É o caso do Santander. “Dentro do contexto de sustentabilidade, olhamos tanto a pessoa física quanto a jurídica com o objetivo de ajudá-las a tornar perenes os seus bens”, afirma Linda Murasawa,superintendente-executiva de desenvolvimento sustentável, lembrando que o viés nos dois casos é de orientação financeira, iniciativa que vem desde 2005, mas que foi mudando de formato.
Em complemento às tradicionais cartilhas, o banco inclui o projeto “Conta Pra Mim” (contapramim.com.br), em que as pessoas falam em vídeo sobre suas experiências de gestão financeira e investimento. “Os internautas expõem suas iniciativas de sucesso, o que dá mais resultado, porque é menos frio que uma cartilha”, diz Linda.
As ferramentas de auxílio à gestão financeira podem ser obtidas no link sustentabilidade.santander.com.br/pt/Praticas-de-Gestao/Paginas/Orientacao-Financeira.aspx,no item Planilha do Orçamento Pessoal. A ferramenta apresenta os itens Receitas,Investimentos e Despesas, subdivididos em diversas categorias. “O internauta pode baixá-la tanto em PCs quanto em tablets. Ela já está toda ‘amarrada’, ou seja, apresenta os resultados finais e parciais das receitas e despesas daquele
usuário”, explica a executiva do Santander. Linda diz que o banco não sabe exatamente qual o público que usa a ferramenta ou acessa a área de educação financeira – aberta a correntistas e não correntistas. “A principal divulgação é via gerentes, orientados a apresentar estas funcionalidades, e também via Facebook, onde temos uma comunidade bastante ativa na troca de informações”,diz.
Iniciativas vão desde a adaptação de ferramentas para celular até a divulgação de vídeos em que clientes contam suas experiências.
No Bradesco, a opção foi por segmentar as estratégias de orientação e auxílio à gestão financeira por públicos, acompanhando a sua evolução como cliente. Há ações e ferramentas específicas para o público jovem, de até 17 anos, no endereço clickconta.com.br, onde se encontra a maioria dos apps. No bradescouniversitario.com.br também há simuladores de gastos, com itens como festas e livros. Na terceira fase do projeto, acessível no link sociedadedenegocios.com.br, tanto a linguagem como as ferramentas são voltadas para quem quer empreender, de forma individual ou em sociedade. Para os internautas em geral, as ferramentas ficam no ambiente aberto do Bradesco.
“Trabalhamos no portal em duas dimensões, uma simples, de rápido acesso e informação fácil, que é tranquilamente a mais acessada, e outra em que a informação é mais profunda, onde temos Money, ferramenta para baixar que auxilia o usuário na gestão de suas finanças”, explica Luca Cavalcanti, diretor de canais do banco. As ferramentas disponíveis permitem a quem é cliente, por exemplo, importar os extratos da sua conta diretamente do internet banking,visualizar gráficos e relatórios da sua situação financeira, controlar os investimentos e gastos com cartão de crédito. Os softwares podem ser baixados no item “Ferramentas Úteis” no link bradesco.com.br/html/classic/educacao-financeira/index.shtm.
Cavalcanti acredita que embora hoje a maior parte dos recursos esteja disponível apenas para PCs, a tendência é que sejam oferecidos também no formato de aplicativo. “Existe, sim, esta necessidade, principalmente entre os jovens, de uso mais frequente do celular do que dos PCs e por isto estamos desenvolvendo ferramentas para o mobile”, diz o diretor, lembrando que a velocidade de conversão das ferramentas para mobile deve acelerar. “Com projetos responsivos,ou seja, que já adaptam um mesmo website a todo tipo de canal de acesso, seja celular ou PC, em breve tudo estará disponível em qualquer formato”, afirma.
No Bradesco, segundo Cavalcanti, parte do site já é responsivo, mas o banco trabalha para avançar nesta flexibilidade. O esforço da instituição, lembra a diretora de RH, Glaucimar Peticov, é fazer com que a informação chegue ao usuário final. “Capacitamos regularmente nossa força de venda, gerentes de agências etc. para que divulguem estas ferramentas disponíveis. São 3.200 profissionais em sala de aula por semana treinados a educar financeiramente e apresentar ao cliente as opções que fornecemos de gestão”, diz. “O banco não ganha com a inadimplência e um cliente com controle de suas finanças é bom para todos.”
No Banco do Brasil (BB), a ferramenta voltada para o controle das finanças atende pelo nome de “Tá na Hora” no endereço educacaofinanceirabb.com.br. O modelo do banco segue o mesmo raciocínio das iniciativas de seus pares, com áreas no site para o auxílio na gestão das finanças, temas educativos e de planejamento. “Desde que foi criado, o site evoluiu muito. Lançamos, por exemplo, a opção de um extrato consolidado com todos os gastos e tarifas, dando uma visão geral para o cliente de sua situação financeira, e passamos a usar o SMS para alertar o cliente quando o uso do cheque especial superar 25% do seu limite e já dando opções menos caras de financiamento”, explica Simão Kovalski, diretor de clientes pessoas físicas do BB.
No BB, o uso de aplicativos na área de educação financeira ainda está voltado para um público específico. “Usamos apps para jogos e educação financeira com foco no público mais jovem. A tendência é que os aplicativos se generalizem, atingindo outros públicos e finalidades diversas, incluindo a gestão das finanças pessoais, até porque todos querem soluções mobile que possam levar consigo”, conta Kovalski.
O BB já está trabalhando na adaptação da ferramenta “Tá na Hora” para o mobile e também em um novo gerenciador financeiro pessoal, que vai trazer o extrato consolidado com gastos e tarifas, ambos já na versão para mobile. O gerenciador foi tirado do ar no fim do ano passado para reformulação. “Os projetos de apps em desenvolvimento para auxiliar no dia a dia do cliente devem ser lançados ainda neste ano”, afirma o diretor do BB.
Para Denise Hills, superintendente de sustentabilidade do Itaú Unibanco, os apps devem acrescentar muito à área de educação financeira dos bancos, mas sem substituir totalmente outras modalidades de ferramentas. “Vai ter sempre quem prefere guardar os papéis, anotar ou usar uma planilha Excel. Os aplicativos vão lentamente ganhando espaço, mas no sentido de agregar e não substituir”, comenta Denise, lembrando que o Itaú Unibanco tem poucos apps voltados para a educação financeira porque o aprendizado demora e no site a pessoa tem acesso a tudo. “Vamos formando a cultura, fornecendo conhecimento por meio das planilhas e simuladores que podem ser baixados.”
No site www.itau.com.br/uso consciente, lançado pelo banco em 2012, há guias de orientação com temas como “Consumir e poupar”, “Saia do vermelho”, “Família e dinheiro” e “O melhor crédito para você”. Como ferramentas, há simuladores que ajudam no planejamento financeiro. “Já no formato de aplicativos, temos ‘A Árvore do Dinheiro’, projeto que nasceu do sucesso de um livro que ensinava os pais a falarem de dinheiro com os filhos e decidimos disponibilizar via app para ganhar escala”, explica Denise. Há também aplicativos do Itaú, fora da área de educação financeira, que auxiliam na gestão das contas, lembra a executiva. “Temos o app da Itaucard que ajuda no controle dos gastos com cartão de crédito,que é uma dificuldade de muitas pessoas.”
O resultado das iniciativas do banco, conforme destaca Denise Hills, pôde ser medido após o teste das ferramentas com os próprios funcionários. “Muitas ferramentas e iniciativas foram usadas primeiro por nossos colaboradores, que tinham dificuldades de gestão de sua vida financeira. Dois anos depois, avaliamos o desempenho de quem ficou no programa o tempo todo e o resultado foi a melhora do score [nota] de crédito deste grupo”, afirma Denise, chamando a atenção para um novo comportamento deste público, que passou a usar menos o cheque especial, a utilizar linhas de crédito mais baratas e percebeu o valor de manter as contas em dia, evitando custos extras. “São iniciativas que dão resultado, mas é como dieta, precisa mudar o comportamento. “