Por Domingos Zaparolli – 25/11/2013 às 05h00.
Novos desafios, novas soluções. Antes mesmo de implementar sua nova versão do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), conjunto de conceitos que norteiam a administração das organizações, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que promove entre seus associados as práticas de excelência na gestão, já começa a conceber a próxima atualização. Será a 21ª desde 1991, quando o modelo foi introduzido no Brasil. “A excelência é um alvo móvel, o que é excelente hoje, não o é amanhã”, diz Wilson Ferreira Junior, presidente da CPFL e do Conselho Curador da FNQ. O próximo desafio do MEG, na visão de Ferreira, é incorporar “a voz da rua”, que passou a exigir ‘o padrão Fifa’ para todas as organizações do país, as públicas e também as privadas.
Jairo Martins, superintendente da FNQ, diz que entender e incorporar a “voz da rua” aos princípios que regem o MEG é o principal desafio da fundação em 2014. Um grupo de trabalho está sendo formado com esse objetivo. “Se queremos ter credibilidade, precisamos ser ágeis em atender as novas demandas da sociedade e das corporações.” Ao mesmo tempo, informa Martins, a FNQ cuida de pôr em prática os conceitos previstos em sua 20ª atualização, concluída neste ano e considerada a mais ampla já realizada. “Com ela, a versão brasileira do MEG passa a ser a mais atual e uma das principais referências entre as 75 que vigoram no mundo.”
Em 1991, quando foi instituída a primeira versão do MEG, o momento era o de globalização dos negócios e de implementação nas empresas de programas de qualidade total. Hoje novas demandas estão inseridas ao dia a dia das corporações, como sustentabilidade, ética nos negócios e capacidade de interagir com stakeholders e com as redes sociais, exigindo evolução do modelo.
“Muitos conceitos que hoje são considerados fundamentais para a boa gestão não estavam adequadamente cobertos pelo MEG, agora temos um modelo alinhado com os desafios atuais”, diz Jorge Cajazeira, presidente do Comitê de Critérios da FNQ, que coordenou um grupo de 15 profissionais, entre representantes de empresas, estatais e universidades, que dedicaram duas mil horas de trabalho na revisão.
A base teórica do MEG é formada por 13 fundamentos que são colocados em prática por meio de oito critérios. Como explica Cajazeira, houve uma evolução dos fundamentos e critérios. O fundamento “inovação”, por exemplo, passou a considerar os potenciais impactos socioambientais. A liderança passou a exigir do líder mais do que a constância de propósitos, enfatizando a importância do exemplo e realização, assim evoluiu para “liderança transformadora”. O fundamento “olhar para o futuro” agora enfatiza a projeção e compreensão de cenários e tendências prováveis do ambiente de negócios e os possíveis efeitos sobre a organização.
O fundamento “orientação por processos e informações” foi desmembrado, dando relevo à tomada de decisão por meio do conhecimento advindo de informações factuais; as novas denominações são “decisões fundamentadas” e “orientações por processos”. Já o fundamento “valorização das pessoas” incorporou também a valorização da cultura. O antigo “desenvolvimento de parcerias” foi ampliado para “atuação em rede”. Um novo fundamento é “agilidade”, que destaca a importância da flexibilidade de adaptação para a gestão. Os demais fundamentos, “visão sistêmica”, “responsabilidade social”, “aprendizado organizacional”, “geração de valor” e “conhecimento sobre clientes e mercado”, não foram alterados.
A grande mudança foi realizada nos critérios que apoiam os gestores na efetivação dos fundamentos. Na superfície os critérios são os mesmos: liderança, estratégia e planos, clientes, sociedade, informações e conhecimento, pessoas, processos e resultados. Mas, como diz Jairo Martins, cada um deles foi revisado para incorporar as novas demandas da sociedade, como ética, sustentabilidade e atuação em rede.
Acesse o link para conhecer os pilares do MEG:
http://www.valor.com.br/sites/default/files/gn/13/11/arte25rel-101-criterio-f2.jpg
Um exemplo é a reorganização do critério “liderança”, que além de estabelecer, como já fazia, os padrões para os processos gerenciais e para seu aperfeiçoamento e governança, passou também a tratar da análise da cultura organizacional, do processo gerencial do estabelecimento de diretrizes, da observação de requisitos legais e regulamentares aplicáveis à organização. Também foram aperfeiçoadas as orientações dadas à identificação e tratamento de riscos e os processos gerenciais relativos ao mapeamento das diversas partes com interesses na organização, como controladores, clientes, fornecedores ou outras pessoas que possam influenciar o desempenho da instituição.
Outra mudança foi a flexibilização da aplicação do MEG, permitindo que cada organização defina os aspectos do modelo de excelência que são mais importantes ao seu negócio. “O impacto ambiental das atividades não é o mesmo para um escritório de publicidade e uma siderúrgica. É razoável que cada uma mensure de acordo com sua necessidade o esforço gerencial dedicado ao tema”, diz Gustavo Utescher, gerente de processos da FNQ,
Outra novidade impacta apenas os concorrentes ao Prêmio Nacional da Qualidade, que examina e reconhece as empresas que implementam à risca os critérios do modelo de gestão proposto pela fundação. É a forma de apresentação e avaliação dos resultados. Até agora, os candidatos apresentavam à banca examinadora um relatório de 75 páginas. As organizações com os melhores desempenhos eram visitadas pelos avaliadores. A partir de 2014, os concorrentes poderão escolher como apresentar suas ações, podendo até mesmo gravar os depoimentos. Examinadores e candidatos poderão interagir sobre os resultados via web. “Esse modelo do PNQ é pioneiro no mundo”, diz Utescher.
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