Finanças | 16/09/2013 10:23 – Editado por Camila Lam, de Exame
Quais são os maus hábitos financeiros dos empreendedores?
Respondido por Rodrigo Zeidan, especialista em finanças
Uma pergunta simples que geralmente os empresários não sabem a resposta: o que é mais caro – capital próprio ou de terceiros? Resposta quase sempre unânime: capital de terceiros. Resposta errada.
O capital próprio é mais escasso e envolve mais riscos, portanto é mais caro. Mas, a tendência brasileira é evitar empréstimos a todo custo. Os empreendedores devem aprender a calcular o custo médio ponderado de capital. Sem isso, nunca saberão quanto a empresa realmente gera de valor.
Um paradoxo interessante em finanças é de que uma empresa com lucro líquido positivo pode não ser viável, devendo ser fechada. Isso porque o lucro líquido ajuda a medir o retorno que o empresário deve ter pelo seu negócio, mas somente se for comparado ao custo de capital próprio.
De que adianta manter uma empresa aberta se o dinheiro do empreendedor está parado e o lucro gerado é menor do que investir esse dinheiro em outro lugar? São várias as metodologias para calcular o verdadeiro lucro econômico. Uma delas é o Economic Value Added (EVA).
Outra é medir o custo de oportunidade do capital próprio e o Total Shareholder Value (TSV). Mas no começo, não são necessárias metodologias sofisticadas. Basta se perguntar se o retorno do negócio é compatível com o risco assumido e o capital investido. Caso não seja, há algo errado.
Poucas coisas deixam um empresário mais feliz do que uma alta margem operacional como mark-up. Alto mark-up, para muitos empresários, significa altos lucros. O conceito de mark-up é simples: compro (ou fabrico) um produto por um preço X e vendo por um preço mais alto Y.
Quanto maior a diferença, melhor. Isso está certo. Porém, o foco somente nesse indicador tira do empresário o controle dos custos fixos (overhead) e o foco na estratégia de crescimento e diversificação de produtos. Controlar somente o mark-up pode indicar um desprezo por outros indicadores mais importantes para a empresa.
PONTO DE VISTA
Antes mesmo de avaliar a viabilidade de sua empresa com metodologias muitas vezes sofisticadas apenas no nome (EVA, TSV, WACC, ROE ROIC, ROA, etc) o empreendedor deve aprender um dos princípios primordiais da contabilidade: o princípio da entidade, que ao afirmar a autonomia patrimonial, preconiza a necessidade da diferenciação entre o patrimônio da entidade e o dos sócios. Por consequência, além dos passivos, coexistirão dois caixas bem distintos: o da empresa e o do empreendedor
Nenhum empreendimento sobrevive se não há esta adequada segregação.
Outro ponto a destacar é a falta de profissionalização na gestão financeira do negócio. Gerenciar amadoristicamente o seu sonho é gerir sem conhecimento das viabilidades de seu negócio. Não adianta somente força de vontade, criatividade e dedicação, características do empreendedor brasileiro, se “maus hábitos”, na gestão financeira, não forem deixados de lado.
Em qualquer negócio a empreender, seja ele grande, pequeno ou médio, a gestão financeira deve ser tratada com responsabilidade e profissionalismo pois somente ela trará a resposta que todos procuram: MEU NEGOCIO É VIÁVEL?
Silvio Silva
Executivo Financeiro
Diretor de novos negócios na Consult Audi
Consultor de Gestão