A acentuada retração dos ganhos ocorreu mesmo com o crescimento, pelo terceiro ano consecutivo, da receita líquida do grupo para um valor consolidado de R$ 2,54 trilhões em 2012, alta de 14,3%, em termos nominais. Esse crescimento contrasta com a evolução decepcionante do Produto Interno Bruto (PIB), de apenas 0,9% no ano passado. Mas a acomodação do mercado interno se refletiu na intensidade do ritmo de expansão das vendas: o índice foi maior nos anos anteriores, de 18,8% em 2010 e de 15,5% em 2011.
Mesmo assim, a receita líquida das mil maiores empresas do país representa participação recorde de 57,9% no Produto Interno Bruto (PIB) do país, analisado o período dos últimos doze anos. É uma recuperação expressiva se comparada com o ano de 2009, quando a participação das mil maiores foi de 46,2%.
A alta da receita líquida foi apurada em 25 dos 26 setores analisados pela publicação. Os destaques ficam por conta dos segmentos de telecomunicações, 33,6% maior em relação ao ano anterior, de alimentos (+26,4%) e de açúcar e álcool (20%). Devido ao cenário de retração do mercado internacional, com estoques elevados e desaceleração da atividade econômica, os setores de metalurgia e siderurgia e de veículos e peças registraram menor expansão de receita líquida: 5,4% e 2,1% respectivamente. O setor de mineração teve queda nominal na receita líquida, comparativamente a 2011, de 6,9%.
Além de fatores como câmbio depreciado e mão de obra mais cara, dificuldades específicas de cada setor ajudam a explicar a queda da lucratividade na média das empresas no ano passado. Dos 26 setores analisados pelo ranking Valor 1000, 14 registraram crescimento no lucro líquido e outros 12 setores observaram redução. Entre os destaques negativos está o segmento de metalurgia e siderurgia, cujo lucro líquido despencou 94,5% em 2012 e contribuiu para arrastar o índice geral para baixo.
Outros setores com desempenho negativo foram o de açúcar e álcool (redução de 77,1% no lucro líquido), por conta majoritariamente de endividamentos e captações para fusões e aquisições, e o de química e petroquímica (redução de 74,4%), uma queda que está ligada à desvalorização do real diante do dólar, ocorrida em 2012, que elevou o nível endividamento das companhias, fazendo com que as despesas financeiras disparassem.
Na outra ponta, os segmentos que contribuíram para que a média de lucratividade das empresas não fosse ainda menor foram Tecnologia da Informação (alta de 94,5%, de R$ 439,8 milhões para R$ 855,5 milhões), Alimentos (acréscimo de 70,5%, de R$ 2,18 bilhões para R$ 3,72 bilhões) e Água e Saneamento, (evolução de 61,9%, passando de um lucro de R$ 2,33 bilhões, em 2011, para R$ 3,78 bilhões, no ano passado).
Em um ano marcado pela desaceleração da atividade econômica, com crescente endividamento das empresas, a estratégia de crescer utilizando os próprios recursos ficou em segundo plano. Um dos indicadores do Valor 1000 reflete com precisão esse cenário em 2012. O conceito de crescimento sustentável é medido dividindo-se a variação do crescimento da receita líquida pelo crescimento do patrimônio líquido ajustado. Quanto mais próximo de um, o resultado é melhor e, na prática, significa que a empresa tem boa capacidade de crescer aproveitando os recursos próprios. O ponto de corte apurado no conjunto dos setores no ano passado foi de 1,0642 – pior, portanto, se comparado ao índice de 1,0160 verificado em 2011.
O crescimento sustentável é um dos sete critérios utilizados para elencar as dez melhores de cada setor e escolher sua campeã. Receita líquida, geração de valor, rentabilidade, margem da atividade, liquidez corrente e giro do ativo são os outros critérios de avaliação. Questões como governança corporativa, envolvimento social e respeito ao consumidor e ao meio ambiente são pontos levados em consideração para a escolha da campeã das campeãs, a Empresa de Valor.
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