Por Fernando Torres | De São Paulo – Valor – 26/09/2014 às 05h00.
A deterioração do cenário econômico frustrou os planos de crescimento mais ambicioso, mas não impediu que a firma de auditoria e consultoria EY registrasse aumento de 10,3% na receita no Brasil, que subiu a R$ 1,22 bilhão no ano fiscal encerrado em junho.
“Começamos o exercício acreditando em mais um ano de forte crescimento, entre 18% e 20%, mas aí veio a redução do movimento econômico”, afirmou Jorge Menegassi, presidente da EY, lembrando que nesse intervalo a projeção para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2014 caiu de 3% para alto próximo de 0,3% agora.
Apesar de o ano não ter sido como o previsto inicialmente, o resultado manteve o Brasil entre os países que puxaram para cima os resultados globais da rede de auditoria e consultoria.
O faturamento da EY no mundo atingiu US$ 27,37 bilhões no ano fiscal encerrado em junho, com crescimento em dólares de 6% em relação ao obtido no exercício anterior, quando foi de US$ 25,83 bilhões.
Assim como no mundo, onde cresceu 13,5%, a área de consultoria no Brasil se mostrou mais uma vez como o novo carro-chefe do negócio, com alta de 26,7%, sendo puxada pela venda de serviços para redução de custos, diante do quadro econômico mais fraco. “As empresas fizeram forte investimento para melhorar perfomance, aumentando a eficiência e reduzindo custos”, afirmou Menegassi.
O executivo admitiu que a própria EY precisou fazer ajustes, diminuindo verba de marketing, reduzindo gastos com aluguel e adequando o quadro de pessoas. “Isso não é muito sentido, por causa da rotatividade. Como nossos colaboradores são muito procurados, o que fizemos mais foi contratar menos”, disse.
A venda de serviços de consultoria para clientes do setor público, por causa da Copa do Mundo, também teve bom desempenho, assim como projetos voltados para a Olimpíada de 2016, para a qual a firma será a fornecedora oficial de serviços.
Com o pior desempenho entre as áreas de negócio, a receita com assessoria em transações de fusões e aquisições teve recuo de 16%, por conta da redução “drástica” do número de negócios. “Tivemos um primeiro semestre (fiscal) já em um patamar inferior e um segundo semestre quase que parado”, disse o executivo.
Apesar disso, ele destaca que já vê uma retomada nos primeiros meses pós-Copa do Mundo. “As empresas têm que voltar a investir para não perder mercado. Então, no médio prazo, o cenário ainda é positivo”, afirmou.
Menegassi destacou ainda que o segmento de auditoria, que tenderia a ter um crescimento mais fraco pela interrupção das ofertas iniciais de ações, teve a expansão de 11,8% puxada por serviços relacionados, que não apenas a emissão de pareceres sobre demonstrações financeiras.
Entre eles estão os serviços de preparação de empresas que pretendem abrir capital – que continua ocorrendo -, assessoria para aplicação de pronunciamentos contábeis do padrão IFRS que demandam julgamento das empresas e avaliação sobre as mudanças trazidas pelo fim do Regime Tributário de Transição (RTT).
Também debaixo do guarda-chuva amplo de “auditoria”, o segmento de serviços ligados a fraudes teve expansão de 43% puxado pela aprovação da lei anticorrupção, que levou as empresas a investir em criação de comitês de ética, canais de denúncia etc.
Olhando para os próximos 12 meses, Menegassi diz que trabalha com projeção de crescimento de 15% na receita, o que inclui possíveis aquisições. O otimismo com o mercado levou à nomeação de Luiz Sérgio Vieira como vice-presidente de mercados, assumindo o cargo que havia sido acumulado pro Menegassi após a saída de Mauro Terepins, que presidia a Terco antes da fusão em 2010.
Com 22 anos de EY, onde começou como trainee, Vieira terá como função encontrar oportunidades de negócio entre as diferentes linhas de serviço. “A ideia é disciplinar nossos investimento e nos concentrar nos canais corretos.”