Por Juliano Basile | De Brasília – 26/02/2014 às 05h00.
O Banco Central decidiu entrar na disputa em que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai julgar a forma de cálculo de juros de mora a serem pagos aos poupadores que reclamam contra “expurgos” nas cadernetas de poupança com a edição dos planos econômicos. Segundo o BC, a decisão do STJ “terá efeitos gerais” sobre todas as ações deste tipo e vai influenciar a futura decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto.
A 2ª Turma vai discutir a partir das 14 horas de hoje se os juros de mora devem ser calculados a partir do momento de ingresso de cada ação civil pública ou após a execução de cada processo coletivo em que os poupadores ganharam a causa.
O BC defende a tese de que não se pode cobrar juros de mora sem saber quem são os credores. Como muitas ações coletivas são propostas em nome de associações, os nomes dos beneficiários só são conhecidos na fase de execução. Os poupadores querem receber a partir da data de ingresso das ações.
A diferença entre uma forma de cálculo e outra é de dezenas de bilhões de reais. Na petição enviada ao STJ, o BC citou estudo feito pela consultoria LCA com esses cálculos e ressaltou que a decisão que for tomada terá impactos sobre o julgamento final a ser feito pelo STF sobre o tema.
“Pelos números apresentados no mencionado estudo, sem a fluência dos juros de mora desde a citação nas ações civis públicas, o impacto potencial do julgamento do STF varia de R$ 23 a R$ 128 bilhões, conforme se atribua abrangência local ou nacional às condenações coletivas. Com a fluência dos juros de mora desde a citação nas ações civis públicas, o impacto potencial do julgamento do STF varia de R$ 61,4 bilhões a R$ 345,5 bilhões”, disse o BC.
Em outras palavras, se o STJ decidir que o pagamento de juros de mora deve ser feito a partir do momento de entrada das ações e, depois, o STF concluir que as cadernetas de poupança devem ser corrigidas, a conta a ser paga será a maior possível: R$ 341 bilhões.
O BC enfatizou que o julgamento do STJ “terá inequívoca influência sobre o conteúdo do que vier a ser decidido pelo STF”. “Do mesmo modo, o que a Suprema Corte vier a decidir sobre os planos monetários modificará por completo as implicações do julgamento do presente recurso (no STJ), patenteando-se, portanto, uma influência recíproca que há de ser ponderada com a prudência que as dimensões reveladas quanto ao caso reclamam”, diz o texto assinado pelo procurador-geral do BC, Isaac Sidney Menezes Ferreira. “Essa interdependência e sua especial importância demonstram o inegável interesse do Banco Central neste processo”, concluiu.
O STF ainda não marcou data para retomar o julgamento dos planos econômicos.
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