read://https_pipelinevalor.globo.com – 27.12.2024
Por Silvia Rosa – São Paulo.
CMN flexibilizou implementação de norma contábil que demanda maior provisão de perdas – adoção, que seria integral em janeiro, passa a ser faseada.
Quase ao pagar das luzes de 2024, os bancos ganharam um presente inesperado. O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central surpreenderam o mercado ao anunciar, na véspera do Natal, um cronograma de transição para a incorporação das regras contábeis do IFRS9 pelas instituições financeiras – adiando um impacto significativo sobre o capital no curto prazo.
Os bancos seguem a regra contábil para provisionamento de perdas com crédito dada pela resolução 2.682 do CMN. No entanto, seguindo o padrão mundial, os bancos vão passar a seguir as regras contábeis do IFRS. Essa adaptação será realizada por meio das normas da resolução 4.966 do CMN , que aumenta os requerimentos para provisionamento para perdas, principalmente para os de menor porte.
Pesquisa realizada pelo BC com instituições financeiras que representam 84% do crédito no sistema financeiro mostrou que a adoção das novas regras geraria um aumento da provisão para perda dos bancos de R$ 37,8 bilhões, representando 10,7% do estoque atual. Considerando todo o sistema financeiro, esse impacto seria equivalente a 2,5% do capital e de 3%, ou de 0,4 ponto, na posição de capital Nível I das instituições financeiras.
Agora, com a adoção faseada, o impacto é de 25% do que se imaginava para o ano de 2025, aponta o Safra em relatório. A resolução do CMN estabelece um período de transição para a adoção das novas regras de 2025 a 2028.
“Os bancos terão mais tempo para se preparar para implementar a nova regulação sem impactos significativos no curto prazo sobre o capital”, corroboram os analistas do BTG Pactual, em relatório.
Antes do CMN anunciar a regra de transição, o Santander comentou que a mudança a partir de janeiro poderia afetar a provisão e reduzir a posição de capital do banco, mas que não deveria afetar o percentual do lucro distribuído em dividendos. Já o Itaú Unibanco afirmou que vinha se preparando para a mudança contábil desde quando ela começou a ser discutida, em 2018, e por isso não esperava nenhum impacto sobre o capital ou no custo do risco em 2025.
O BB esperava um impacto da medida para o banco, mas somente no cálculo do capital nível I, que está atualmente em 11,8%, que permaneceria acima dos 11%. Os bancos vão revisar esses impactos conforme o novo cronograma. Para o Safra, a mudança é neutra para o Itaú, mas positiva para BB, Bradesco e Santander.