Leia matéria sobre o serviço de pagamento instantâneo criado pelo BC, que foi capa da edição de 24/01 da IstoÉ. Confira!
Capa IstoÉ – 24/01/2024.
Tamanha evolução reflete o pioneirismo do Banco Central na digitalização das operações financeiras, reconhecido e elogiado por outros países. Em número de transações com pagamento instantâneo, o Brasil está entre os líderes, só fica atrás da Índia, mas à frente da China (veja quadro abaixo). E, por isso mesmo, também é um dos campeões em crimes financeiros cibernéticos, a ponto de atrair a atenção e merecer estudos de consultorias gigantes em segurança como Accenture e Kaspersky Lab, e exigir do BC e dos bancos investimentos permanentes em segurança.
Eleito pelo consumidor para transferências e pagamentos, em pouco mais de três anos o Pix já supera em 59% todas as transações somadas das demais formas de pagamento. Segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos, Febraban, no primeiro semestre de 2023, o Pix registrou 17,6 bilhões de operações, os cartões responderam por 8,4 bilhões, os boletos, por 2,1 bilhões, as TEDs, por 448 milhões, e os cheques, por 125 milhões. Sem falar no DOC, que já foi o meio mais popular para transferir dinheiro, e deixou de existir no último dia 15, com uma pífia participação de 0,05% no total de operações no mesmo período.
Ainda assim, a TED lidera em volume de reais no ranking para transferências, com R$ 3,7 trilhões, diante de R$ 1,4 trilhão do Pix.
Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban explica que o desempenho pode estar ligado aos limites que existem no pagamento instantâneo, dependendo de horários e fatores de segurança, e, além disso, o Pix é imediato, enquanto a TED tem até uma hora para ser finalizada, com espaço de tempo para trabalhos de prevenção a fraudes.
O ticket médio das operações de pessoa para empresa é de R$ 154 e entre empresas é de R$ 5.317.
Apetite das empresas
Essa vantagem da TED também pode estar sendo revertida, como atestam os números do Banco Central. Ângelo Duarte, chefe do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, afirma que 2023 foi o ano de crescimento do Pix entre as empresas. “A transferência entre as pessoas já estava bem consolidada nos dois primeiros anos, e esse foi o diferencial no ano passado. As transações de pessoa para empresas cresceram 157%, com aumento de participação de 24% para 36% do total”.
Para o professor de Finanças da FGV-EAESP, Rafael Schiozer, uma das vantagens do Pix é a redução de custos em todos os níveis de uso, o que melhora a margem para as empresas e torna a economia mais eficiente. “Por exemplo, a emissão de boleto de cobrança pelo banco tem um custo para as empresas, que diminui muito no Pix”, afirma o professor. “Gostaria de ver um estudo mostrando qual a contribuição do Pix no crescimento do PIB, que não deve ser pequeno”, finaliza.
De prestadores de serviços a construtoras, todos consideram o Pix um aliado em seus negócios. Luciana Centrone, designer de Interiores e proprietária de loja de móveis infantis, afirma que 90% da clientela paga via Pix e de forma parcelada. “Meus clientes fecham o dormitório e normalmente me pagam à vista, ou me dão um sinal e depois dividem o restante até a entrega, que demora uns 60 dias, mas tudo pelo Pix”.
Pix parcelado
Essa forma parcelada de pagamento recebeu informalmente o nome de Pix Parcelado pelo mercado, mas não é obrigatório, porque não foi construído pelo Banco Central. Ele fica na dependência de adoção por bancos e empresas. Em última análise, esse Pix Parcelado já em uso é uma linha de crédito em que o banco paga a empresa à vista, e o consumidor paga ao banco com juros. A modalidade parcelada do BC ainda será lançada e receberá o nome de Pix Garantido.
Jonata Tribioli é diretor da construtora Neoin e reforça a preferência dos clientes pelo pagamento instantâneo na compra de imóveis, cerca de 80%. “Todo mundo entendeu sobre a velocidade, a praticidade e o baixo custo do Pix. É uma ferramenta extraordinária. Recebemos e fazemos todos nossos pagamentos pelo Pix”.
A possibilidade de parcelamento para o consumidor permitiu ao Pix dominar território antes ocupado pelos cartões de crédito, mas com diferenciais importantes, sem tarifas ao consumidor e vantagens financeiras às empresas.
“O Pix é o método de pagamento do momento”, disse Nathan Marion, gerente-geral da Yuno, empresa de soluções de pagamentos.
“Custo baixo, rapidez, usabilidade e segurança são as razões principais. Para o lojista, o custo é muito inferior do que outros métodos, além de ter o dinheiro instantaneamente disponível em sua conta bancária, e as chances de fraude na compra são mínimas”, finaliza Marion.
Eduardo Zucareli, diretor de Comunicação da fintech Pagaleve chama a atenção para a importância do Pix no e-commerce. “Esse é um meio extremamente rápido e seguro, e com ele os lojistas conseguem atrair mais clientes e aumentar suas vendas”.
O meio instantâneo já representa 29% do volume de comércio eletrônico no Brasil, e redes do varejo passaram a oferecer descontos e incentivar o seu uso.
O Pix só está atrás dos cartões, que detêm participação de 40% no setor, mas que, apesar da liderança, vêm perdendo terreno em número de transações no setor. Desde 2018 já caíram de 55% para 47% do total, com expectativa de cair ainda mais, para 43% até 2026, segundo estudos da fintech Beyond Borders — 2022/23.
Os cartões se tornam inacessíveis a muitos consumidores pelas tarifas cobradas ou pelo perfil financeiro exigido: 60% dos brasileiros estão fora desse segmento, lembra Marion, da Yuno.
Sem restrições e sem custo, o Pix vem preenchendo também essa lacuna e conquistando novos usuários. “As pessoas que até então viviam à margem das transações online, já começam a fazer parte desse cenário. E com as novas funcionalidades, de agendamento de contas e depois o seu parcelamento, a tendência é que o número de adeptos seja cada vez maior”, diz ele.
Além do Pix Saque, Pix Troco, e Pix Cobrança já implementados ao longo de três anos, no final de outubro será lançado o Pix Automático. Uma funcionalidade para pagamento automático de contas recorrentes a cada mês, como:
- água,
- energia,
- telefone,
- plano de saúde,
- mensalidade escolar,
- assinatura de internet,
- de streaming, entre outras.
São pagamentos periódicos, nem sempre com o mesmo valor, que poderão ser agendados, a exemplo do que é feito hoje no débito automático, mas com a novidade de estipular um valor máximo para pagamento de cada compromisso.
A chegada da modalidade, diz Duarte, diretor do BC, deve democratizar ainda mais os serviços financeiros e aumentar a competição entre os bancos. Ele esclarece que para ter as contas debitadas, a empresa prestadora dos serviços terá de firmar convênio com uma das instituições financeiras participantes do sistema Pix.
A partir daí, o consumidor poderá ter a conta quitada pelo PIX automático em qualquer banco, e não apenas naquele que firmou o convênio.
Fonte: Comunicação/Conexão Real (Caixa Corporativa) conexaoreal@bcb.gov.br 16/02/2024.