valor.globo.com – 16/12/2019.
Por Raquel Brandão, Valor – São Paulo.
O padrão IFRS 16 trata de arrendamento mercantil e gerou desafios inesperados, segundo pesquisa da consultoria e auditoria PwC.
Considerado uma das normas contábeis mais complexas lançadas recentemente, o padrão IFRS 16, que trata de arrendamento mercantil, gerou desafios inesperados para a maioria das companhias, segundo pesquisa da consultoria e auditoria PwC obtida com exclusividade pelo Valor.
Das 400 companhias consultadas pela PwC, 55% disseram encontrar dificuldades que não estavam no planejamento. Assim, de acordo com a consultoria, muitas empresas tiveram de correr para se adaptar à nova norma. Cerca de dois terços das participantes do levantamento informaram que não usaram o período de três anos para implementar o IFRS 16.
As restrições de recursos impostas por outras mudanças em andamento, como o IFRS 9 e o IFRS 15, contribuíram para reduzir os prazos de implementação, segundo a pesquisa. Esforços necessários para a aplicação, especialmente na área de tecnologia da informação (TI), que eram necessários para estar de acordo com a norma na data limite foram subestimados, diz o estudo.
“Ainda tem empresas implementando a norma. Empresas com maior grau de complexidade, como as do varejo, as companhias aéreas e as de educação, levaram de 18 meses a dois anos para implementar”, conta Christiano Santos, sócio da PwC Brasil. As dificuldades foram desde identificar onde estão os contratos até calcular os efeitos, explica ele.
O IFRS 16, que entrou em vigor no começo deste ano, alterou a forma como as companhias registram contrato de arrendamento em seus balanços. A norma definiu que todos os arrendamentos sejam reconhecidos no balanço patrimonial do arrendatário, sendo registrados um passivo para pagamentos futuros e um ativo para o direito de uso. Assim, o gasto com arrendamento deixa de ser registrado como custo ou despesa operacional e passa a ser repartido entre depreciação e despesa financeira.
Segundo a pesquisa, 40% das companhias participantes afirmam querer implementar novas ferramentas de TI nos próximos dois anos. A PwC destaca, no entanto, que além de adotar padrões de melhores práticas para processos de arrendamento, haverá etapas ou atividades que não podem ser automatizados em uma ferramenta de TI.
Apesar da necessidade de se adaptarem às novas regras, as companhias ainda não observaram os grandes benefícios da implementação da norma, segundo Santos. De acordo com ele, entre esses ganhos estão a introdução de tecnologia e meios de controle que permitem maior gerenciamento dos recursos.
“As companhias poderão fazer análises de desempenho dos ativos, perceber a relação custo retorno. A mudança gera uma quantidade de informações que passam a ser fonte de oportunidades conforme há maior integração dos sistemas contábeis”, diz ele.