Em tempos de crise as empresas tem que se inovar se reinventando e, obviamente, revendo seus custos e despesas. Num período pós pandemia, esta é uma condição sine qua non para um recomeço sustentável. Não tem como fugir desta realidade, ou a empresa aprende a fazer isto ou está fadada ao fracasso. Em um mercado cada vez mais competitivo, uma boa gestão e conhecimento de seus custos pode ser a grande vantagem de uma empresa frente a seus concorrentes diretos.
Os custos não se limitam a números. Cortá-los exige planejamento, gestão e acompanhamento gerencial do dono da empresa, assessorado ou não por profissionais qualificados, pois para que as margens de lucros sejam mantidas ou alavancadas a qualidade do produto ou serviço deve ser mantida.
Um erro que o empresário pode cometer na hora de diminuir as despesas é simplesmente ignorar os prejuízos ocultos que os cortes podem trazer. A demissão de pessoas, por exemplo, parece claramente como um corte de custos após o pagamento de rescisões. O problema é que, ao longo do tempo, o empresário pode descobrir que perdeu talentos essenciais que detinham informações cruciais para o bom andamento de processos chaves.
A manutenção do Caixa é outro exemplo. Ele tem de ser preservado, pois a escassez dele é a grande responsável pelas dificuldades das empresas.
Sintetizo abaixo recomendações oriundas da leitura do livro “DOBRE SEUS LUCROS” do consultor americano Bob Fifer. Apesar de básico, e se tratar de um lançamento de alguns anos atrás, é simples, objetivo e aplicabilidade até nos momentos atuais de crise pós pandemia. Não é a toa que trata-se de um livro de cabeceira do Marcel Telles, ex-CEO da Ambev e sócio do fundo 3G:
FAÇA UM DIAGNOSTICO
O custo é a única variável que realmente está sob o controle do empresário. Mas para que isso funcione, é preciso que ele seja organizado. É preciso ter uma contabilidade bem arrumada para identificar os custos de cada área e onde é possível cortar. A gestão orçamentária deve existir e ser feita mês a mês.
ELIMINE DESPERDÍCIOS
Reavalie todas as despesas fixas, que vão desde o papel para impressão, cafezinho, copo de plástico, material de escritório, plano de telefonia e internet. Veja o que realmente utiliza e se há desperdícios. É o momento de revisar todos os contratos de prestação de serviços de contador, advogado, e também os de aluguel e financiamentos para buscar uma negociação melhor. Veja se está na hora de substituir máquinas e equipamentos ultrapassados e que consomem mais energia elétrica.
AVALIE AS VENDAS
Observe quais são os produtos ou serviços mais vendidos por sua empresa e se concentre neles. Tenha a certeza de conhecer as margens proporcionadas por estas vendas. Reduza o custo em produtos e serviços que não geram margem de lucro. No caso de serviços, diminua a oferta. No caso de produtos pouco procurados, reduza os estoques que, se mal administrados, prejudicam o caixa da empresa por se tratar de um dinheiro represado. Neste momento, revise o relacionamento com fornecedores que não deve ser único.
ENVOLVA AS PESSOAS E FIXE METAS
Nesta etapa é importante comunicar a equipe e envolver as pessoas. Um caminho é determinar um percentual de redução de custos (por exemplo, 10%) para cada área, sem discutir como será feito isso. Outro é explicar para os gestores que o próximo ano será difícil e pedir para que cada um traga sugestões de cortes. Pode-se recompensar quem trouxer as melhores ideias e atente para fixar metas exequíveis de modo a fazer os funcionários se sentirem responsáveis pela redução.
Aproveite para ver se compensa fazer parcerias com outras pequenas empresas e terceirizar alguns serviços secundários, como de limpeza, segurança e alimentação, desde que eles não sejam a atividade principal da empresa.
Com relação aos erros a serem evitados, a experiência ao longo dos anos otimizando custos e alavancando resultado revela os seguintes itens que devem ser observados:
- Evitar cortar custos e despesas variáveis, estratégicos ao negócio. O corte destes custos pode afetar a qualidade do produto ou serviço prejudicando o volume de negócios e apressando a sua falência.
- A demissão de funcionários para reduzir a folha de pagamento deve ser muito bem gerenciada. Além do risco de eliminar talentos formados na casa, o colaborador é um investimento da empresa e, fora dela, pode levar expertise aos concorrentes.
- Investir apenas porque os preços de máquinas e equipamentos estão competitivos, sem analisar o custo do capital para isso. Isso só é indicado se feito com recursos próprios ou se o empresário tiver acesso a uma linha de crédito subsidiada. Este tipo de investimento deverá sempre ser para se gerar receita.
Está na hora de planejar a retomada e o ano de 2021 entendendo seus custos e identificando possibilidades de cortes. Caso necessário, invista em uma ajuda de consultores qualificados. Este, com certeza, poderá ser o investimento de melhor retorno para seu negócio: A SOBREVIVÊNCIA.
Silvio Silva
Executivo Financeiro, Business Controller, CFO
Sócio Diretor na TJS Auditores
Auditor Contábil